Dias de Cão
Napoleão de Hospício
Perambulando pelas ruas
Entre chutes e pontapés
Um cão de rua não é de ninguém
Ninguém é dono do que não existe
Surrado pele e osso, quase morto
Só o gosto do abandono
Feito um cão sem dono
Sou eu assim, longe de ti
Sou eu assim, perto do fim!
Entre o perigo dos carros
Meus olhos cheios de pus
Vou vivendo à sombra da luz
Das migalhas caídas do pão
Dormindo pelas calcada
Numa caixa de papelão
Quem pegaria, então
Um pobre cão?
Um pobre cão?
Passo os dias
De portão em portão
Á procura de uma saída
Um rasgo de vida
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