O Peão e o Progresso
Lorito e Loreto
No velho galpão pendurei o arreio
Os meus par de esporas e o antigo laço
Todos os apetrechos coloquei no meio
E na invernada soltei meu picaço
Sentindo o peso de tantos janeiros
Este boiadeiro vai cruzar os braços
No exato momento que o progresso avança
Meu corpo descansa do grande cansaço
Após trinta anos de luta acirrada
Venci a batalha por ter muita sorte
Percorrendo a nossa terra adorada
Sempre transportando gados de corte
Por quantos apuros eu já passei
Vi companheiros cruzar com a morte
Dando a despedida em plena mocidade
Deixando saudade daqueles transportes
Ao me recordar dessa cena chocante
Eu me entristeço e com muita razão
Parece que ainda ouço lá distante
Tropel de boiada e gritos de peão
Não está mais comigo o fiel companheiro
Um cachorro campeiro de nome Sultão
Gravei na memória o som de um berrante
Ouço a todo instante e choro de emoção
Por onde eu passava com o meu picaço
Só carros possantes vejo percorrer
O homem cruzando todo o espaço
Até o solo lunar já foram conhecer
O progresso chegou transformando tudo
Hoje sem estudo é difícil vencer
Minha profissão o progresso apagou
Mas deles estou vendo o país crescer
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