Carreiro Novo
Adão da Viola e Nenê Carlos
Carreiro novo
Que não sabe carrear
Não passa carvão no eixo
Pra fazê o carro cantar
O meu pai foi um carreiro
Isso eu posso jurar
Cada vez que o carro canta
Dá vontade de chorar
Eu estudei medicina
Hoje sou doutor formado
Mas o meu pai foi carreiro
Famoso e respeitado
Na região do sul de Minas
Distante do povoado
Eu conhecia seu carro
Num cantar apaixonado
Hoje minha vida é amarga
Fiquei com o peso da carga
E a saudade do passado
Meu pai pitava paieiro
Feito só de fumo bão
Tinha um chapéu meia aba
E um paletó jaquetão
Tinha um facão jacaré
Pendurado num cambão
E os cascos da boiada
Deixavam marcas no chão
Não usava candeeiro
Sua imagem de carreiro
Eu guardo no coração
Igual rodeiras de carro
Que escreveu pro chão afora
Carregado de café
Ou de madeira em tora
A minha caneta escreve
Enquanto os meus olhos choram
É uma carta de saudade
Pro meu pai que foi embora
Numa estrada azulada
Sem carro e sem boiada
Lá nas campinas da glória
Carreiro novo
Que não sabe carrear
Não passa carvão no eixo
Pra fazê o carro cantar
O meu pai foi um carreiro
Isso eu posso jurar
Cada vez que o carro canta
Dá vontade de chorar
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